sábado, 20 de julho de 2013

Don’t See, Don’t Speak and Don’t Listen


 

E de repente, um play, uma música e palavras guardadas em minha mente pedem passagem...
Chove lá fora e isso se torna indício de que é chegada a hora de externar as coisas que me cercam, me deixam agitado e com vontade de escrever...
Gosto disso... A chuva sempre faz aflorar o lado mais intimista das pessoas.
No momento em que me ponho a descrever sobre a vida, seus acontecimentos e o quanto sou influenciado por eles, sinto que as palavras querem sair, mas não da forma como gostaria... Há que se ter certo “cuidado” com as palavras... Será mesmo?
Uma vez aprendi que as palavras jogadas ao vento tem poder... Outra vez, ouvi dizer que o pensamento é mais letal, porque vem antes do ato de falar...
Pensar, falar, calar... Ouvir.
Vivemos em mundo cada vez mais dinâmico, desenfreado, onde muitos – inclusive eu – se limitam a falar, falar, falar... Há uma necessidade louca de se fazer ouvir, mas, por outro lado, penso que o essencial seja ouvir. Falar menos, ouvir mais. Nesta verdadeira "Torre de Babel", muitos já não se reconhecem, muitos não se compreendem, porque o desejo e a ânsia de falar “falam” mais alto que o simples ato de ouvir.
E se fala de um tudo: de seus medos, angústias, desejos, frustrações... Fala-se da vida dos outros, dos problemas dos outros, os outros, os outros...
Preocupamo-nos mais com os outros do que com nós mesmos... Vivemos a vida dos outros e esquecemo-nos de viver a nossa vida... Queremos resolver os problemas dos outros, quando sequer conseguimos resolver os nossos...
Os outros, os outros...
Essa influência do outro em nossa vida, seja lá por qual razão, talvez seja o fator principal das coisas não acontecerem na nossa vida... Sim, porque tudo gira em torno do que o outro vai falar, do que o outro vai pensar...
Mas, espera um pouco? É certo viver em função de alguém e esquecer-se de viver sua própria vida, ter suas próprias escolhas, com seus erros e acertos, aprendendo e errando por consequência de seus atos e palavras?
É justo?
Obviamente, a resposta é não.
Mas então, porque o mundo vive de tal maneira?
Não sei se poderia dar esta resposta...
Há muito tempo, eu vivia em função deste paradigma: fazer e falar conforme o que os outros queriam que eu fizesse, falasse e agisse...
E foram muitos anos... Até que de repente percebi que esta não era a minha vida, não eram estas as minhas escolhas e que se eu seguisse por este caminho, no final da vida seria uma pessoa frustrada, por ter agido conforme alguém queria que eu agisse... Uma espécie de marionete, se é que me entendem...
O jogo virou.
Ao invés de falar, passei a ouvir... A me ouvir...
E depois de um longo processo, comecei a fazer o que achava que era certo, errando e aprendendo por conta própria e não mais como as pessoas queriam que eu fosse... Tudo agora dependia única e exclusivamente de mim...
Foi fácil?
Não... E ainda não é...
Porque, mesmo agindo conforme as minhas convicções, as pessoas não pararam de falar mais do que deviam, diria além do que deveriam...
E como eu disse no início, as pessoas não querem saber de ouvir, querem falar, falar e falar...
Mas sigo adiante, como aqueles famosos macaquinhos que não ouvem, não falam e não veem. O segredo está no equilíbrio: falar menos e na hora certa, ouvir mais e, às vezes, não ver... Ou ver além do que os olhos alcancem.
Pensando assim, Clarice Lispector me ampara quando diz:
"Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesma não posso."
É isso: ouvir mais, falar menos e ser feliz... Eis o segredo!
Se as pessoas de fato entendessem isso, talvez a correria do dia a dia fosse amenizada... Talvez, se as pessoas se importassem menos em viver a vida dos outros e vivessem a sua, se preocupassem menos com os problemas dos outros e tratassem de resolver os seus, a vida seria melhor...Pra todo mundo.
Nisso, concordo com Buda, quando diz:
“Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque está escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e beneficio de todos, aceite-o e viva-o”.

Simples assim...

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