terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Histórias da Vida Real - Capítulo 1

Um despertar de intensas paixões...

Há quase dez anos, estreava uma das melhores minisséries brasileiras: Hilda Furacão, protagonizada pela então estreante Ana Paula Arósio.
Mas a trajetória de Hilda começou em 1991, no romance do grande escritor mineiro Roberto Drummond, que uniu numa narrativa cativante fatos e pessoas reais aliados a uma fértil imaginação. Rapidamente o livro estourou no mercado editorial. Em 1998, foi a vez da escritora Glória Perez adaptá-lo para o formato de minissérie. O resultado não poderia ser diferente: uma grande produção com gravações na cidade histórica de Tiradentes, transformada na fictícia Santana dos Ferros, e em Belo Horizonte, que assiste ao domínio de Hilda ao mesmo tempo em que a revolução de 64 está sendo preparada. O grande questionamento da minissérie girava em torno do que poderia ter levado uma garota de família tradicional a abandonar tudo e instalar-se no centro da zona boêmia de uma cidade, despertando paixões até mesmo num homem considerado santo: Frei Malthus, interpretado por Rodrigo Santoro.
Hilda Furacão deixou rastros... E sua história parece ter saído das telas e invadido a vida real...
Há muito tempo atrás, um grande amigo meu passou por uma situação muito, mas muito parecida com a de frei Malthus. Ele também se apaixonou por uma Hilda Furacão!
João era um cara tranqüilo, na dele, sempre preocupado em estudar, muito ligado á família, aos livros, enfim. Vivia na igreja, estava sempre rodeando o padre Werner, um “pequeno grande padre” da paróquia que fica perto da minha casa. Não tínhamos muito contato, mas sempre que o via tentava conversar com ele, afinal, eu era o coordenador de um movimento juvenil que estava se instalando na paróquia e achava importante trazê-lo para perto do grupo.
Na verdade, o João era mais que um mero ajudante do padre, ele estava se preparando para entrar no seminário. Tornar-se padre era seu sonho! Tal qual o frei Malthus da minissérie em questão, com a única diferença de que ele não queria ser santo, pois, segundo o próprio, já tinha cometido pecados demais pra isso...
Bom, do outro lado da cidade, cercada por um mundo bem diferente do de João, a bela Vânia: uma das garotas mais lindas que já passou pelo movimento (pelo menos desde a época em que eu participei).
Vânia era simplesmente demais, vinha de uma grande família. Seus pais não eram ricos, mas tinham condições de dar-lhe tudo o que queria. Talvez por isso a Vânia se sentisse “superior” ás outras garotas, apesar de querer parecer ao contrário, sempre tentando ser humilde, mas esta palavra não combinava com seu jeito de ser e ver as coisas...
Vânia era muito pretensiosa, orgulhosa, enfim, mas era linda, muito linda. A bem da verdade, era o tipo da garota que todos os adolescentes da época gostariam de namorar.
Enquanto João seguia firme seus propósitos, Vânia tinha uma vida social muito agitada, sempre freqüentando os melhores lugares, as melhores festas, sempre rodeada de muita gente bonita, enfim, eram mundos diferentes, com toda certeza...
A vida seguia tranqüila até que o destino resolveu colocar cara-a-cara duas pessoas tão diferentes...
Numa das muitas festas realizada no salão paroquial da igreja, João, que naquele dia não fora para a casa dos pais e tinha resolvido ficar na igreja para ajudar na decoração do salão e no que mais precisasse, também resolveu participar da festa, o que não era muito de seu feitio. Como disse, ele era muito reservado.
Lá pelas tantas, eis que surge na festa, acompanhada de várias amigas e familiares, a Vânia. Linda, simplesmente linda. Lembro de estar acompanhado e de ter levado uma cotovelada no estômago por ter ficado pasmo diante da entrada triunfal da Vânia. Eu e todo o salão, diga-se de passagem...
O mais engraçado era ver a gurizada se empurrando e cochichando pra ver quem teria a coragem de chegar perto da Vânia e tira-la pra dançar.
Um destes meus amigos, Pedro, era conhecido entre a turma como o “pegador”. Está certo, ele levava uns "fora" de vez em quando, mas na grande maioria das vezes, o Pedro se dava muito bem e sempre ficava com as garotas mais lindas da festa. Nesta festa não iria ser diferente...

Continua...

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