segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Histórias da Vida Real - Capítulo 2

Pois é, passei alguns dias aí envolvido em vários trabalhos...Trabalhos que, de certa forma, me tiraram o sono e o tempo para postar alguma coisa, ahahahahah.
Acho que é por causa das férias que estão chegando e também por conta das festas de final de ano, sei lá...
O fato é que estou aqui e deixo mais um capítulo desta "História da Vida Real"...

Entendendo as pessoas...

Vânia, como dissera no capítulo anterior, era uma menina mimada por demais. Cresceu numa família que sempre batalhou para dar do bom e do melhor para seus filhos. E que filhos... Cada um tinha uma personalidade bem diferente e Vânia não poderia fugir a regra.
Uma garota decidida, de personalidade forte, mas que tinha um pequeno defeito: achava que o mundo girava em torno do seu umbigo e achava que, por ter uma condição de vida um pouco melhor que as demais garotas, tinha o direito de se achar superior. Tinha um certo ar de arrogância sim, mas, era linda e a sua beleza ofuscava qualquer defeito que ela tinha, pelo menos era assim que os guris a enxergavam...
Um dia eu me interessei pela Vânia.
Não a conhecia direito, ela era de uma outra paróquia, embora pertencesse ao mesmo movimento, o CLJ. Mas, num dos encontros promovidos por este movimento, tive o “prazer” de conhecê-la e de me encantar com tamanha beleza. Ela era diferente de todas as garotas que já tinha visto e acho que o que mais me chamou a atenção foi o seu lado exterior e não o seu interior, se é que me entendem.
Cheguei ao ponto de desejá-la, mas, tinha plena consciência de que nossos mundos eram bem diferentes e que um possível relacionamento não teria futuro algum, pois, ao contrário de Vânia, eu vinha de uma família simples e esse choque “cultural”, pra não dizer financeiro, fazia diferença pra ela. Coisas do tipo: “minha família não iria aceitar que eu namorasse uma pessoa que não pertencesse ao mesmo círculo de amizades, ou que não tivesse o carro do ano, etc...” e isso pra mim nunca teve a mínima importância. Bens materiais...Nunca namorei uma guria por causa do que ela tinha ou o que tinha a sua família, mas sim pelo que ela era, pelo seu caráter... Isso me fez enxergar que não teria como dar certo entre eu e a Vânia. Mas, um dia eu a desejei... E o desejo foi tanto, tamanha era minha obsessão para “ficar” com a Vânia, que um dia nós “ficamos” mesmo, e , cá entre nós, foi muito bom...Bom para eu entender de vez que ela não era pra mim e vice-versa...
Deixando a história da Vânia de lado...
João, pelo pouco tempo de convivência que tivemos e pelas poucas oportunidades que tivemos para conversar, certa vez me contou um pouco da sua vida. Lembro-me como se fosse hoje: era uma tarde nublada, eu estava muito envolvido com as questões do clj, mas, naquele dia ele me ligou, disse que estava no seminário e que precisava muito falar comigo. Fui até o seminário e quando lá cheguei, encontrei um João bem diferente daquele que estava acostumado a ver nos finais de semana na paróquia.
Ele estava sentado na cama de seu pequeno quarto, rodeado de livros, na sua grande maioria, Bíblias e documentos ligados á Igreja Católica.
Ele era um estudioso das leis da igreja...
João me convidou a entrar e entre uma rodada e outra de chimarrão, ele disse que queria desabafar um pouco. Fiquei surpreso, pois até então, não tínhamos nenhuma intimidade, ao ponto de ele se dispor a conversar sobre sua vida, enfim...
Ele abriu seu coração e quem estava diante de mim era um João arredio, um cara “desarmado”, sensível e com muitas histórias na bagagem, apesar de seus 19 anos...
João veio de uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul, filho único de uma família de agricultores. Desde que nasceu, sua mãe, uma devota ardente de Nossa Senhora de Fátima, tivera prometido á santa que seu filho seria entregue nas mãos de Deus, literalmente...Sempre estudou em colégios de padre. Teve uma educação muito rígida, baseada em leis morais, o certo e o errado, o céu e o inferno.
Nunca saía de casa, nunca tinha ido á uma festa, nunca teve namorada, não sabia que gosto tinha o beijo... Resumindo, ele era o retrato fiel, a personificação de uma pessoa extremamente pura, inocente.
Cresceu assim...E por crescer assim, neste ambiente de muita disciplina e abnegações, é que, em um certo dia, resolveu se colocar á prova, pra entender se esta era mesmo a sua missão ou se este era o sonho de seus pais.
Por certo, era sim o sonho de seus pais: ver o filho se tornar um sacerdote!
Durante muito tempo, este era também o sonho de João...
Neste dia, percebi que tinha algo diferente no ar. Ele me pareceu muito, muito confuso, agitado e distante em alguns momentos.
João se apaixonou. Uma única vez na vida tinha sentido algo diferente no seu peito, e não era o amor que ele devotava á Jesus. Era o amor por outra pessoa - que ele não quis me dizer quem era.
Na verdade, ele não sabia se era paixão ou que, por isso tinha me chamado pra conversar para tentar ajudá-lo a entender o que estava acontecendo com ele. Logo eu, um cara extremamente confuso no que diz respeito á sentimentos...
Tentei deixá-lo á vontade. Pedi que ele se acalmasse e disse-lhe que estava ali, pronto para ajudar-lhe no que fosse necessário.
João havia se apaixonado por uma mulher casada, vejam bem...
O fato tinha acontecido há alguns anos, na cidade onde ele morava... Era inevitável perceber, por detrás das lentes dos imensos óculos de João, toda sua emoção em falar deste assunto. Mas não era um choro de emoção, soava mais como um choro de culpa, como se ele tivesse cometido um imenso pecado e não fosse absolvido no dia do “juízo final”.
Á certa altura da nossa conversa, confesso que já não estava entendendo muito bem o que ele tentava me dizer. Era uma situação um tanto quanto atípica, uma vez que ele tinha um monte de gente em que pudesse confiar tal assunto e eu não entendia o porque de ele ter me escolhido como seu confessor.
Aqui abro um parênteses: nos tempos em que pertencí ao clj, talvez por ser o mais velho da turma, sempre fui considerado o irmão mais velho, o “psicólogo” da galera, aquele que sempre recebia em casa os amigos querendo conversar, desabafar e amigos pedindo conselho para enfrentar determinada situação. Engraçado isso, não? Nunca tive esta pretensão, mas, durante um bom tempo, pensei em fazer psicologia para justamente tentar entender melhor o que se passa na cabeça e no coração do ser humano...

Continua...

2 comentários:

Melissa Zorzanelli disse...

gente, que historia é essa? acopnteceu mesmo ou é apenas uma ilustração? vou reler, nao entendi bem, vc começou com hilda furacao e passou pra uma historia real?? nao entendi nada...

Melissa Zorzanelli disse...

hum entendi, o que é cls?